Photo Credit: Bruno Kelly / Reuters
[Anglican Taonga] Líderes indígenas Anglicanos de toda a Comunhão relataram que sistemas de saúde indígenas que já estavam enfraquecidos se encontram agora sob pressão ainda maior, com recursos mais escassos que os sistemas de saúde não indígenas, enquanto trabalham para proteger seu povo da doença do Covid-19.
Todos os líderes de igrejas indígenas da Comunhão Anglicana que participaram de uma reunião via Zoom da Rede Indígena Anglicana (AIN) no final de março expressaram preocupação de que as respostas nacionais à pandemia não estariam levando em conta as necessidades extras de idosos e pessoas em risco nas comunidades indígenas. As comunidades enfrentam níveis de saúde médios mais baixos em todos os locais em que as igrejas Anglicanas indígenas ministram, algo devido principalmente à pobreza causada pela discriminação racial, mas também por deficiências no atendimento das necessidades de saúde das pessoas indígenas nos sistemas de saúde não destinados a pessoas indígenas.
O Dr. Bradley Hauff, Missionário para Ministérios Indígenas da Igreja Episcopal com sede nos EUA, informou que em Turtle Island (EUA), o Sistema de Saúde Indígena (IHS) está com dificuldades para ter acesso a kits de testes do Covid-19 ou suprimentos médicos em quantidade suficiente, e que sua menor capacidade hospitalar significa que o IHS tem dificuldade para colocar pacientes em quarentena.
As empresas tribais também estão sofrendo perda de renda devido ao confinamento, o que terá efeitos negativos sobre a saúde da comunidade como um todo.
O Arcebispo Mark MacDonald explicou como a interrupção de uma série de serviços no Canadá está afetando desproporcionalmente os povos indígenas em áreas periféricas, onde dependem de serviços de transporte agora reduzidos para trazer suprimentos essenciais para manter as residências funcionando. Embora algumas áreas sejam remotas demais para serem afetadas pelo vírus, serviços de saúde inadequados nessas áreas representam um risco maior para as pessoas em comunidades remotas caso o vírus as alcance.
No Havaí, Kalani Holokai relatou que a Igreja da Ilha de Maui teve que fechar seu ministério de alimentação chamado Cup of Cold Water (“Copo de Água Fria”), criado para apoiar moradores de rua, e que a comunidade está sofrendo com desemprego em larga escala dos indígenas empregados no setor de turismo e nas indústrias de serviços alimentícios e sociais.
A Dra. Rose Elu informou sobre a Austrália que, por enquanto, as Ilhas do Estreito de Torres estão livres da doença e fecharam suas fronteiras. Em Brisbane, as comunidades aborígenes estão focadas em apoiar a saúde mental de membros isolados de suas comunidades durante o confinamento.
O Bispo de Tai Tokerau, Bispo Kito Pikaahu, presidente da AIN, explicou em um comunicado que os povos indígenas são mais vulneráveis a infecções por Covid-19 por causa de sua saúde já comprometida. Isso advém de uma variedade de fatores, disse ele, incluindo a pobreza intergeracional, a propagação potencialmente rápida de infecções em lares multigeracionais, perda de renda com o desemprego, e o acesso limitado e atrasado a serviços e benefícios sociais para pessoas em locais remotos.
Outra área de preocupação das comunidades indígenas mais pobres são os desafios de comunicação e informação. Há maior escassez de acesso a serviços de telefonia e internet devido ao aumento do desemprego, algo particularmente nocivo durante esse período em que a comunicação por telefone e internet é o “novo normal” para acesso a serviços vitais.
A AIN pediu à Comunhão Anglicana orações e apoio prático às comunidades indígenas Anglicanas que enfrentam riscos adicionais em decorrência da pandemia – especialmente idosos e o público proporcionalmente maior de indígenas sujeitos a problemas de saúde subjacentes.
- Clique aqui para ler o comunicado completo da Rede Indígena Anglicana (em inglês), que fornece mais detalhes sobre o impacto do Covid-19 nas comunidades indígenas.